A missão Rosetta é considerada uma das mais ambiciosas e bem-sucedidas da história da exploração espacial. Conduzida pela ESA (Agência Espacial Europeia) com colaboração da NASA, ela foi a primeira missão a orbitar e pousar em um cometa: o 67P/Churyumov-Gerasimenko. Essa jornada de mais de uma década transformou a forma como entendemos a origem do Sistema Solar e a possível origem da vida na Terra.

O que foi a Missão Rosetta?
Liderada pela ESA, a Rosetta foi uma sonda espacial projetada para acompanhar um cometa em sua aproximação ao Sol, algo nunca antes feito. Seu objetivo era estudar a composição e comportamento do cometa 67P e coletar dados cruciais sobre a origem dos cometas e da água no Sistema Solar.
Lançada em 2 de março de 2004, a sonda percorreu mais de 6,4 bilhões de quilômetros durante 10 anos e meio até alcançar sua meta em 2014. Ela levou a bordo o módulo de pouso Philae, projetado para aterrissar na superfície do cometa.
A Longa Jornada até o Cometa 67P
Durante sua trajetória, a Rosetta realizou várias manobras gravitacionais ao redor da Terra e de Marte para ganhar velocidade. Ela também passou por dois asteroides (Steins e Lutetia), coletando dados e imagens que enriqueceram ainda mais o projeto.
A nave entrou em hibernação em 2011 e foi “acordada” em janeiro de 2014, quando começou sua aproximação final ao cometa.
O Encontro Histórico com o Cometa 67P
Em agosto de 2014, a Rosetta alcançou com sucesso o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e iniciou sua órbita. Pela primeira vez, cientistas puderam observar detalhadamente a superfície de um cometa. As imagens mostraram um corpo com forma irregular, composto por duas partes unidas, o que rendeu ao cometa o apelido de “pato de borracha”.
Rosetta mapeou o cometa e escolheu um local de pouso adequado para o módulo Philae.

O Pouso do Módulo Philae
No dia 12 de novembro de 2014, o módulo Philae se desprendeu da Rosetta e desceu para a superfície do cometa. O pouso foi histórico, mas não ocorreu como o planejado. Os arpões que deveriam prender Philae à superfície falharam, e ele quicou três vezes até parar em uma região com pouca luz solar.
Apesar disso, em cerca de 60 horas de operação, Philae conseguiu enviar dados valiosos, como:
- Composição do solo do cometa
- Presença de compostos orgânicos
- Estrutura interna
Esses dados contribuíram significativamente para o entendimento da formação de cometas.
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Descobertas Científicas da Rosetta
Entre os principais resultados científicos da missão, destacam-se:
- Diferença na composição da água do cometa em relação à água da Terra, sugerindo que cometas como o 67P não são a principal fonte da água terrestre.
- Detecção de moléculas orgânicas complexas, como glicina, um dos blocos de construção da vida.
- Estudo das erupções de poeira e gás à medida que o cometa se aproximava do Sol.
Essas descobertas confirmaram que cometas podem conter ingredientes essenciais para a vida e que seu estudo pode revelar muito sobre o passado do Sistema Solar.
Encerramento da Missão
A Rosetta acompanhou o cometa até setembro de 2016, quando foi programada para pousar suavemente na superfície do 67P, encerrando sua missão com êxito. Durante os dois anos de acompanhamento, a sonda enviou centenas de gigabytes de dados e milhares de imagens.
Legado da Missão Rosetta
A Rosetta estabeleceu um novo padrão para missões espaciais:
- Foi a primeira a acompanhar um cometa por um longo período, permitindo estudar suas mudanças em tempo real.
- Demonstrou o uso bem-sucedido de hibernação e reativação em missões de longa duração.
- Estimulou o interesse do público com imagens espetaculares e atualizações constantes.
Além disso, inspirou futuras missões, como a Comet Interceptor (prevista para a próxima década), e reforçou a colaboração internacional entre agências espaciais.
Fontes e Referências:
- ESA – European Space Agency: https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/Rosetta
- NASA Rosetta Mission Overview: https://solarsystem.nasa.gov/missions/rosetta/overview
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