A Caçada pelo Planeta Nove: O Que Sabemos Até Agora?

Existe um planeta oculto nos confins do nosso Sistema Solar? Essa é a pergunta que intriga astrônomos desde que surgiram as primeiras evidências do hipotético Planeta Nove. Desde 2016, cientistas têm reunido pistas de que um grande corpo celeste — ainda invisível — pode estar influenciando as órbitas de objetos no Cinturão de Kuiper.

Neste artigo, exploramos tudo o que se sabe sobre o Planeta Nove, as evidências de sua existência e a possível confirmação liderada por astrônomos brasileiros.

O que é o Planeta Nove?

O Planeta Nove é um planeta hipotético que estaria localizado muito além da órbita de Netuno, a uma distância de até 1.000 vezes maior do que a da Terra em relação ao Sol. Estima-se que tenha entre 5 e 10 vezes a massa da Terra, o que o tornaria um planeta do tipo super-Terra.

A ideia de sua existência surgiu para explicar o comportamento orbital anômalo de objetos transnetunianos (TNOs) — corpos gelados que orbitam muito além de Netuno, como Sedna e 2012 VP113.

Evidências da existência

1. Órbitas agrupadas

Em 2016, os astrônomos Konstantin Batygin e Mike Brown (Caltech) divulgaram um estudo que mostrou que vários TNOs têm órbitas altamente elípticas e agrupadas de forma incomum. Esse padrão pode ser explicado por um objeto massivo exercendo influência gravitacional — o suposto Planeta Nove.

2. Inclinação do Sol

Estudos também sugerem que o Sol tem uma inclinação axial de cerca de 6 graus, e o Planeta Nove poderia estar por trás dessa anomalia gravitacional.

3. Simulações computacionais

Diversas simulações mostraram que a presença de um corpo com massa planetária nos confins do Sistema Solar poderia explicar os dados observados.

A possível descoberta liderada por brasileiros

Em 2023 e 2024, uma equipe internacional com liderança brasileira fez progressos importantes. O astrônomo Pedro Bernardinelli, da Universidade da Pensilvânia (EUA), que já foi destaque por descobrir mais de 800 objetos no Cinturão de Kuiper, está envolvido em um projeto ambicioso que analisa os dados do Dark Energy Survey (DES) e do futuro Vera Rubin Observatory.

A expectativa é que o telescópio Rubin, com seu campo de visão imenso e alta sensibilidade, possa detectar o brilho fraco do Planeta Nove nos próximos anos — caso ele realmente exista.

Características hipotéticas do Planeta Nove

Massa estimada: 5 a 10 vezes a da Terra

Órbita: extremamente elíptica, com período orbital de 10.000 a 20.000 anos

Distância do Sol: entre 400 e 1.000 UA (Unidades Astronômicas)

Temperatura: extremamente baixa, próximo do zero absoluto

Composição: provavelmente rochoso com atmosfera de gases congelados

Desafios para encontrá-lo

Distância colossal: sua distância do Sol torna sua luz extremamente tênue e difícil de detectar com telescópios atuais.

Órbita desconhecida: a trajetória precisa do Planeta Nove é incerta, o que dificulta a busca.

Simulações alternativas: algumas teorias sugerem que os efeitos observados poderiam ser causados por vários objetos menores, e não um único planeta massivo.

E se o Planeta Nove for descoberto?

A confirmação do Planeta Nove teria impacto monumental na astronomia. Seria o primeiro planeta descoberto no Sistema Solar desde Netuno (1846) e mudaria nosso entendimento sobre a formação planetária. Também reforçaria a possibilidade de super-Terras em zonas externas — algo comum em outros sistemas estelares.

E se ele não existir?

Mesmo se o Planeta Nove for descartado, o esforço para encontrá-lo tem gerado avanços enormes na astronomia. Diversos novos objetos transnetunianos foram descobertos, e o estudo das regiões externas do Sistema Solar está em seu auge.

Conclusão

A busca pelo Planeta Nove representa uma das investigações mais intrigantes da astronomia moderna. Com novas tecnologias e telescópios mais potentes entrando em operação, o mistério pode ser resolvido ainda nesta década. E com cientistas brasileiros na vanguarda, o Brasil pode estar no centro de uma das maiores descobertas do século.

Fontes e Créditos:

NASA: https://www.nasa.gov

Caltech: https://www.caltech.edu

Pedro Bernardinelli (Universidade da Pensilvânia)

Nature Astronomy Journal

Dark Energy Survey (DES)

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